A Que Viemos??

Os problemas relativos às violências e aos acidentes vêm ganhando cada vez

mais visibilidade, tendo se tornado uma questão importante para a Saúde Pública em nossa cidade. Reduzir a morbimortalidade pelas formas mais frequentes de violências e acidentes constitui um grande desafio. As violências e acidentes geram altos custos para a sociedade, para os indivíduos e para o setor saúde. Além do impacto nos serviços de saúde provocado pelo atendimento das pessoas vítimas de acidentes e das violências, trazem limitações que afetam as suas relações familiares, sociais e de trabalho(1).

Nos últimos 30 anos, pesquisadores e profissionais de diversas áreas

relacionadas ao bem-estar de seres humanos e ao bem-estar animal estabeleceram correlações significativas entre o abuso de animais, negligência e abuso de crianças, violência doméstica, abuso de idosos e outras formas de violência(2). Desta forma a acumulação compulsiva de animais é um tipo de abuso estabelecendo, portanto, um elo com a violência doméstica(3), além das consequências graves para a saúde física e mental dos acumuladores e suas famílias, bem como seus vizinhos(4). Maus-tratos e abuso de animais já não são vistos como incidentes isolados que podem ser ignorados: são frequentemente indicadores ou preditores de crimes e um sinal de alerta, que outros membros da família podem não estar seguros(3).

Disposofobia, acumulação ou Síndrome de Diógenes são os termos que definem

a condição patológica caracterizada por compulsiva aquisição e acumulação de objetos, mesmo que os itens não tenham utilidade, sejam insalubres ou perigosos e/ou acumulação de animais.

Considerando:

- que em diversos transtornos mentais a condição patológica é caracterizada por compulsiva aquisição e acumulação de objetos, mesmo que os itens não tenham utilidade, sejam insalubres ou perigosos e/ou acumulação de animais;

- que a situação de acúmulo, traz consequências graves para a saúde física e mental das pessoas com o transtorno, além de risco às suas famílias e vizinhos;

- a complexidade da situação encontrada nesses casos, a tentativa de resolução isoladamente não tem surtido efeito e os resultados da acumulação compulsiva podem ser graves, podendo tornar-se risco à saúde, risco de incêndio, ao meio ambiente ou mesmo causar incômodos sendo, portanto, um problema de saúde pública;

- ainda o aumento de demandas destes casos (recebidos via UBS/SAC/Assistência Social, Promotoria e outros serviços);

Em maio de 2013, deu-se inicio a um diálogo – ação entre a Supervisão Técnica de Saúde, Supervisão de Vigilância em Saúde e o Centro de Referência Especializada em Assistência Social de Vila Maria/Vila Guilherme, além do Centro de Controle de Zoonoses com o objetivo de refletir sobre uma política local na atuação às pessoas em situação de acúmulo (animais e/ou objetos).

Estamos no 11º Encontro e ampliaram-se as regiões envolvidas neste diálogo como SUVIS e STS de outras regiões (Capela do Socorro, Freguesia do Ó, Jaçanã, Guarulhos); estudantes de medicina veterinária; conselho gestor de saúde; UBS/NASF da região;

Os debates flagraram a necessidade de conhecer como as outras regiões estão se articulando na resolução destes casos, bem como de caracterização e diagnóstico desta problemática, que vai além da retirada de objetos e animais. Estando envolvidos ainda, situações de violência, de sofrimento mental, transtornos mentais e comportamentais, que merecem uma reflexão, articulação e ação para além da saúde e assistência social através de um encontro ampliado.

Assim surgiu a ideia de um seminário do qual chamamos “Acumulação: compulsiva Desconstruindo Preconceitos, Construindo Políticas Públicas”. A ser realizado na data de 06 de Junho de 2014  das 8h as 17hs 


Local: Faculdade de Saúde Pública da USP - Auditório João Yunes - Avenida Doutor Arnaldo, 715 - Consolação, São Paulo - SP

O objetivo deste é embasar a formulação de uma política pública com a construção/fortalecimento da rede de atenção, visando ao acolhimento e à inclusão social da pessoa com transtorno de acumulação e sujeita a multivulnerabilidades (ambiental, habitacional, física, mental).

A metodologia deste dia é o alinhamento conceitual, além da apresentação das experiências relacionadas a esta problemática em forma de roda de conversa.

Referências:

1.     São Paulo (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Sistema de Informação para a Vigilância de Violências e Acidentes – SIVVA. Manual de Preenchimento Ficha de Notificação de Casos Suspeitos ou Confirmados, 2007. Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/08_09_10_manual_sivva_1254424639.pdf. Acesso: 30 out. 2013.

2.     National Link Coalition. Disponível em http://nationallinkcoalition.org/. Acesso: 30 out. 2013.

3.     Arkow P., coordinator of the National Link Coalition, comunicação verbal. São Paulo: Seminário Internacional: O Elo entre o Abuso Animal e a Violência Humana em 30 e 31 de julho de 2013.

4.     The Hoarding of Animals Research Consortium, 2004. Disponível em: http://www.peta.org/issues/companion-animals/animal-hoarders-the-illness-and-the-crime.aspx. Acesso: 30 out. 2013.